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Eleições municipais: a “máquina”, o silêncio e o pacto dos bons! (*)


Aproximam-se as eleições municipais. E Parnaíba mais uma vez vive um período dito pré-eleitoral. Diz-se mesmo ser este ano um “ano eleitoral”, ou seja, vive-se um tempo de eleições para os cargos públicos de prefeito e vereadores que irão governar a cidade pelos próximos quatro anos.

Março é um dos meses que antecede ao pleito e que vai movimentar o mundo político. É o período da tal “janela” que se abre a quem tem mandato e deseja mudar de partido sem o risco de sofrer a punição de perda do mesmo. A fragilidade da organização dos partidos políticos, os seus “donos” e a forma de controle do poder, os interesses pessoais e uma série de outras considerações levam à farra!

O Poder, em Parnaíba, continua sendo exercido por grupos menores, preocupados em não permitir que o povo, em seu conceito substancial, aceda à titularidade do seu direito à participação. Sem povo partícipe e ativo no exercício do Poder não há que se falar em Democracia, nem em soberania popular. Posto que Democracia é um modo de vida, a dizer, ela se realiza além e fora da gestão, antes mesmo de chegar a ela. Nem sempre é verdade uns eleitos que posam faceiros dizendo que estão ali pela vontade do povo!

Diante este momento importante para o exercício da cidadania e da democracia, vamos refletir: o que Parnaíba produziu nas últimas décadas em favor da decência na política? E, mais recentemente, os “protagonistas” atuais? Quais as suas contribuições? Reformaram e melhoraram os usos e costumes políticos ruins? Ou não veem problema algum em mantê-los e até ampliá-los para se garantir no poder?

Em Parnaíba é dada como certa a busca pela reeleição do atual prefeito petista. Quem vai para a reeleição tem vantagem, muito embora alguns não cumpram o seu desiderato! Aqui são quase imperceptíveis os avanços estruturais para a cidade. Desocupação de espaços públicos e obras do governo estadual e federal dão suporte a algumas realizações. Falta de políticas públicas integradas nas áreas de educação, saúde e meio ambiente, negligência à juventude, projeto de educação cambaleante, um fiasco no cumprimento das normas e leis municipais e tanto outros eteceteras marcam a passagem de uma gestão que findará em 31 de dezembro deste ano. A gestão bem que poderia ter contribuído para iniciar um processo de politização da sociedade, especialmente voltada para a nossa juventude que mais sofre e é uma parcela com alto grau de alienação. Porém, optou-se pela velha e “boa” prática do “toma lá dá cá”.

Os “feitos históricos” desta gestão até aqui tem verossimilhança com a historiografia de dominação piauiense, negligencia os fatos que afligem o corpo e alma de muitos humanos invisíveis. Nunca deixei de reconhecer os atos positivos da administração, porém quem tem que enaltecê-las é a equipe da comunicação e outros assessores do prefeito que são pagos para isso. Minhas observações são baseadas em fatos percebidos na contradição daquilo que se intitula como a mais correta e eficiente das administrações que por este solo já passou. O gestor e sua equipe não precisam parecer sérios, têm que ser sérios! Seriedade sob todos os aspectos. Arrotar que o “populismo do passado” não tem mais vez é discursar com a mesma demagogia. Se se tem o compromisso com a verdade e a decência de promover o bem-estar social não haveria nenhuma razão para postar-se igualmente populista.

Por dever de ofício, a gestão, deveria proporcionar um espaço de construção ideológica onde a política se constituísse como um campo social de lutas. Qual a cidade que queremos? Deveria ser a pergunta primeira de um debate saudável. Em seguida: que perfil de administrador e legisladores queremos para Parnaíba? Mas nada disso, a cada eleição, o filme se repete. De um lado, a sociedade se mantém alheia à política, discutindo defesas pessoais e algumas fofocas produzidas pelo momento em bares e cafés da cidade. A zona de conforto (quem tem) não é quebrada. Uma esmagadora maioria não quer se envolver, se expor.

De outro, os pretensos candidatos fazem a festa! Com vantagem a quem gerencia a máquina e está amparado pelo instrumento da reeleição. Freneticamente buscam-se partidos e alianças conforme seus interesses. Passa distante a preocupação com os problemas da cidade. A “máquina” desavergonhadamente entra em cena. Estimulando, a rigor, em desproporcional maioria, os partidos políticos que se tornam “clubes privados”. A estratégia é manter com os eleitores quatro tipos principais de relações: a de cooptação, a de favor e clientela, a de tutela e a da promessa salvacionista ou messiânica.

Não sem razão está difícil acreditar em alguém! Tanto o eleitor como o candidato se coloca como vítima da enganação. A máxima “o poder corrompe” é a bandeira que cobre o caixão no qual alguns políticos tornaram a eleição municipal. Ela é primeiro desfraldada por aqueles que pretendem evitar a partilha do poder que constitui a democracia. Segundo, é aceita por todos aqueles que se deixam levar pela noção de que o poder não presta e, deste modo, doam o poder a outros como se dele não fizessem parte. Esquecem-se que a falta de poder também corrompe, mas esquecem sobretudo de refletir sobre o que é o poder, a quem ele tem servido e, sobretudo, quem tem poder! E eu, você o que nós temos a ver com isso?!

(*) Fernando Gomes, sociólogo, eleitor, cidadão e contribuinte parnaibano.
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